Francisco Ricardo de Souza é um descendente de índios apaixonado pela tecnologia. Desde pequeno ele sempre curtiu novidades, mas foi ao fazer um curso de informática em uma ONG perto da sua casa, no Amazonas, que ele despertou a paixão por descobrir como as coisas funcionam. “Eu queria descobrir como era feito aquele word 2007, então fui pesquisar sobre desenvolvimento de software e nunca mais deixei de aprender”, conta.

Inquieto, o jovem começou a estudar e não parou mais. Fez curso técnico em informática, depois fez uma faculdade de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e partiu para a pós graduação em Desenvolvimento de Softwares, .Net, e Gestão de TI. Hoje, aos 35 anos, ele é sargento, e trabalha na área de TI do Exército, na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte.

Francisco não nasceu em uma aldeia. Seu pai, um índio nascido em uma das muitas tribos da Amazônia, decidiu deixar as terras indígenas para experimentar um outro tipo de vida na cidade e foi ali, na cidade, que Francisco nasceu.

Apesar de distante, o jovem sempre ouviu as histórias contadas pelo pai, e depois de crescido foi experimentar de perto como era a vida em uma aldeia indígena. “Eu achei extraordinária a forma como eles vivem. A cultura indígena é maravilhosa. Em pleno século 21 eles vivem como os primórdios, fazendo fogo de forma primitiva, caçando e pescando com armas produzidas com matéria prima retirada da selva”, conta.

Para Francisco, conhecer suas origens é essencial, para preservar a cultura e também ensinar as novas gerações a verem a vida com outros olhos. Em um mundo completamente tecnológico, como sobreviver sem energia elétrica, por exemplo? Os índios sabem!

“Fico imaginando o mundo sem internet, sem água encanada, como viveríamos? Eu, por ter descendência indígena e conhecer algumas técnicas, conseguiria sobreviver sem muitos problemas, mas e meus filhos, que não têm esse conhecimento cultural indígena, como ficariam?”, questiona ao jovem.

Por isso, para Francisco e muito importante disseminar a cultura indígena entre as novas gerações e por isso é tão importante celebrar o Dia do Índio – comemorado hoje, 19 de abril!

E o inverso também é verdade. É muito importante que as novas tecnologias cheguem até os índios, para que eles aprendam novas formas de ver a vida.  E segundo Francisco a internet é o melhor canal para expandir as duas áreas de conhecimento, tanto para levar a cultura indígena para o mundo, quanto para levar as inovações para os índios.

“Acho que os índios, apesar de viverem isolados, têm bastante criatividade e fico imaginando pegar essa criatividade primitiva e trazer para nossa era digital. Seria extraordinário”, afirma o desenvolvedor.